quinta-feira, 8 de março de 2012

Viva!


Algumas pessoas vivem constantemente insatisfeitas, com um imenso sentimento de vazio, e vez por outra, fazem uso de anestésicos para conseguirem “levar a vida”, como se não fosse possível viver! È comum estas pessoas estarem sempre sonhando e esperando que algum dia isto irá mudar, que a insatisfação que sentem irá desaparecer (sem que façam nenhum movimento, nenhum esforço), como que se iludindo que a qualquer momento vai cair do céu uma solução mágica que vai varrer da vida delas tudo que as incomoda e que as faz sofrer. É como se com esta ilusão, com este sonho eterno, conseguissem regular a saúde mental e a alegria de viver delas. Buscam avidamente preencher a sensação de vazio que insiste em lhes acompanhar, de mil maneiras: entrando em lojas e comprando algo, comendo demais, ingerindo bebidas alcoólicas de maneira descontrolada (para “ficar alegre”, pelo menos momentaneamente, ou ainda de maneira não verdadeira). E vivem tentando se enganar, tentando fazer de conta que “um gole de cerveja”, ou aquele objeto que compraram (na maioria das vezes supérfluo, sem nenhuma utilidade para elas) podem realmente mudar o seu estar, podem lhes proporcionar uma felicidade verdadeira, podem reverter a insatisfação que sentem com uma maneira de viver e de ser que lhes causa desconforto, tristeza! Quando a realidade fica mais forte, quando os anestésicos já não funcionam mais, é comum estas pessoas começarem a adoecer de verdade, a se consumirem e se maltratarem com variados tipos de dores. Passam a sentir angústia, a sofrer de terríveis e incômodas insônias, a não sentir fome, a não conseguir nem mesmo sentir alegria por fatos que até então lhes proporcionavam alguma satisfação. Perdem muitas vezes até mesmo a vontade de viver. Idealizam a morte, como a solução. Não a morte como o fim da vida, mas como um fim para os acontecimentos que as atordoam. A morte dos seus problemas, da sua incômoda e constante insatisfação! Sentem de maneira dolorosa, a necessidade de mudar, mas diante da própria fragilidade, tantas vezes se sentem incapazes para isto. As “doenças” se agravam, ou melhor, dizendo, os sintomas se tornam mais fortes. Ou aceitam estes sintomas como alertas, e procuram soluções realmente alternativas e resolutivas, ou os incorporam como sinais de doenças e se enchem de remédios paliativos. Ou fazem um balanço sincero da vida e abraçam a possibilidade e a capacidade que todos temos de sermos felizes, ou se conformam em morrer lentamente em vida, todos os dias um pouquinho. Mesmo sabendo que um dia morreremos por inteiro! Será que temos o direito de desperdiçar a nossa vida, de nos maltratar tanto, de não nos permitir a felicidade?